Controlo da Tuberculose em Portugal. Apreciação crítica epidemiológica relativa a 2006/2007

Autor: 
Teodoro Briz

Neste exercício de apreciação critica epidemiológica, observa-se a situação relativa aos anos de 2006 e 2007 e o desempenho do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose (PNT), contextualizados à evolução em anos anteriores e ao quadro internacional. Baseia-se na informação oficial disponível e é seguido o mesmo método de abordagem que a OMS faz no seu relatório anual, à semelhança dos exercícios já antes divulgados neste Portal.  **

O controlo da tuberculose tem prosseguido a sua tímida, mas firme, evolução favorável. Portugal contribuiu para os 9 milhões de casos novos anuais, estimados no mundo, com 2916 casos notificados em 2007 (3092 em 2006), ao que corresponde a taxa de incidência notificada de 25,7 e uma redução de 6% em relação ao ano anterior. Esta evolução afigura-se animadora, ainda que seja de esperar um impacte mais acentuado do PNT, mesmo enquanto só se pode contar com os actuais recursos de vacinação, diagnóstico e terapêutica.

A taxa de detecção de casos novos continua uma das melhores da Europa ocidental (o que desfavorece artificialmente a sua imagem notificada, relativamente aos países com pior capacidade de detecção) e a taxa de sucesso terapêutico melhorou de novo, situando-se acima da meta de 85% preconizada pela OMS. Uma das consequências é que se consegue um melhor aproveitamento da boa detecção habitualmente conseguida.

Todo o conhecimento reunido, e valorizado em função da qualidade das fontes e da coerência dos seus componentes, aponta para que seja imperiosa a discriminação positiva das áreas e grupos em que tende a concentrar-se a emergência de maior número de casos e de resistências aos medicamentos.  Para isso, é necessário garantir a boa identificação dos preditores de risco acrescido em cada caso (como a infecção pelo VIH e a toxicodependência) e do perfil de sensibilidade do bacilo aos antibióticos. Deverão ser reforçados tanto os meios de detecção e de intervenção clínica, como a qualidade da organização local da intervenção, como ainda a consciência do programa pela população, em cumprimento efectivo da estratégia DOTS.

** A responsabilidade da publicação do texto é exclusivamente do autor, até à sua aprovação pelos revisores científicos

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