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Cuidados de saúde primários 2000 - Os cuidados de saúde primários e a medicina geral e familiar em Portugal

A adopção de sistemas retributivos melhor adaptados à prática da medicina geral e familiar, privilegiando o trabalho organizado em equipas multidisciplinares, baseando-se no princípio da «discriminação positiva» — pagar melhor a quem trabalhar melhor —, e a reorganização dos centros de saúde que se perspectiva («centros de saúde de terceira geração») podem constituir as bases de uma reforma estrutural do sistema de saúde necessárias para assegurar à carreira de clínica geral as condições de exercício que é possível encontrar hoje em muitos países europeus.

A medicina geral e familiar em Portugal institucionaliza-se nos princípios da década de 80. Como referências importantes deste período inicial estão o seminário sobre «o papel do clínico geral em cuidados de saúde primários» (Escola Nacional de Saúde Pública, 1979), a criação da carreira de generalista (1980), o início do internato da especialidade (1981), a criação dos institutos de clínica geral (1981-1983) e do Colégio de Clínica Geral na Ordem dos Médicos (1982) e a realização em Évora do «Encontro Internacional de Clínica Geral» (1984) organizado pela APMC. Desta forma, a medicina geral e familiar portuguesa estabeleceu muito cedo no seu processo de desenvolvimento uma formulação explícita e amplamente aceite do seu perfil profissional e dos seus requisitos de formação.

Por outro lado, estando a investigação em cuidados de saúde primários numa fase inicial de desenvolvimento, é ainda necessário criar as condições indispensáveis para poder aspirar a um progresso rápido nesta área — financiamento, integração no trabalho corrente, bases de dados de fácil acesso, identificação de áreas prioritárias, estabelecimento de redes de investigação e de estruturas de apoio e acompanhamento.

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