Relatório Primavera 2014

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Saúde - Sindroma de negação

O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) cumpre, pelo décimo quinto ano consecutivo, a sua missão de analisar, de forma independente e objetiva, a evolução do sistema de saúde português e os fatores que a determinam.

Ao longo dos anos, o OPSS tem-se dedicado ao estudo de uma pluralidade de temáticas no âmbito do sistema de saúde português. De entre elas, podem destacar-se: a boa governação, o acesso aos cuidados de saúde, os cuidados de saúde primários, as parcerias público-privadas, a política do medicamento, o financiamento e contratualização, o planeamento e estratégias locais de saúde e os sistemas e plataformas de informação.

Visando a melhoria da sua capacidade em vários domínios, designadamente na organização e na gestão do conhecimento, o OPSS decidiu, há dois anos, principiar um processo de análise assente na responsabilidade de vários núcleos de investigação constituídos por uma rede de observadores orientados para o desenvolvimento de temáticas específicas.

Essa rede que se vai modificando em função dos núcleos que a integram anualmente, uns mais ligados a investigação académica e outros mais próximos do terreno, com prestigio interpares, trabalhando de forma articulada, colaboram cedendo ao OPSS a melhor evidência possível, na qual assenta o desenvolvimento deste Relatório.

Para além do trabalho destes núcleos, continuámos a contar com estudos desenvolvidos em áreas acordadas com o OPSS, todas elas alicerçadas em grupos de investigação ligados às parcerias já existentes entre a Escola Nacional de Saúde Publica (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa (UNL), o Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra (CEISUC), a Universidade de Évora, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (UL), bem como outras como a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (UL) e o Observatório Europeu dos Sistemas de Saúde.

Face a uma crise económica associada a duras medidas de austeridade, as boas práticas de saúde pública recomendam que se antecipe e previna, o mais cedo possível, os seus efeitos sobre o bem-estar da população, em alinhamento com o constante nos tratados europeus. Só dessa forma é possível monitorizar, intervir e negociar no sentido de mitigar os impactos da austeridade excessiva.

Os efeitos mais imediatos descritos na literatura internacional de saúde pública apontam consequências no equilíbrio emocional: ansiedade, depressão, perda de autoestima, desespero até à tentativa de suicídio, entre outros que estão principalmente associadas ao desemprego ou ao medo de perder o emprego, ao endividamento e ao empobrecimento repentino. E Portugal não é exceção. Somos diariamente confrontados com relatos de dificuldades e sofrimento dos cidadãos, potenciados pela diminuição dos fatores de coesão social e por uma considerável descrença em relação ao presente e ao futuro, com todas as consequências que estas situações têm na saúde.

Continua a assistir-se à existência dos dois mundos que o OPSS referia em 2013 – “o oficial, dos poderes, onde, de acordo com a leitura formal, as coisas vão mais ou menos bem, previsivelmente melhorando a curto prazo, …; e um outro, o da experiencia real das pessoas …”, conjugadamente com o facto de qualquer notícia menos boa ser prontamente desvalorizada ou atalhada com respostas tardias e pouco realistas.

Face a este "estado de negação" o OPSS escolheu este ano como titulo para o Relatório de Primavera (RP) 2014: Saúde – Síndroma de negação.

Este Relatório procura mostrar a situação decorrente da atual crise, relembrando que a evidência disponível afirma que os efeitos negativos da crise económica e financeira sobre a saúde são evitáveis, se se investir simultaneamente na proteção social e na saúde pública e que, investir na saúde serve, não só para proteger as pessoas da crise, mas pode ter um papel importante na recuperação económica.

Importa para isso encarar o futuro com o arrojo e a segurança daqueles que sabem onde querem chegar.

Coordenação: Manuel Lopes, Felismina Mendes e Ana Escoval

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Comentários

Comentarios ao documento apresentado

Boa noite. So hoje tive o previlegio de ler este documento. Considero que mais uma vez, esta um documento que reflete os principais problemas do nosso SNS. Talvez por isso nao seja devidamente valorizado e divulgado. Considerou-me vossa seguidora desde h´´a alguns anos.

Tambem tenho refletido bastante sobre as questoes ligadas a saude mental. Integro um grupo no ambito da rede social, como elemento a representar o ACES LOURES ODIVELAS, onde estes problemas tem triplicado, apos o encerramento do nucleo de intervençao do centro hospitalar de lisboa (NIC) que funcionava em Santo antonio dos Cavaleiros.

Sou assistente social e intervenho no direto junto da populaçao destinataria. Se necessitarem de contributos no que se refere a minha corrente, e com enorme prazer que o farei. No ano passado elaborei um relatorio baseado na experiencia empirica sobre as questoes da importancia da interdisciplinaridade no ACES onde estou integrada.

 

 Grata pela atencao

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